ABRIL 2024

Estratégia de Investimento: Mercado Internacional

Equipe especialista TRAAD

              Em março, as medidas de inflação divulgadas nos Estados Unidos vieram em geral levemente acima do esperado, e os indicadores de atividade, mais fortes. O núcleo do indicador de inflação americano CPI se manteve elevado, crescendo de 0,4% em fevereiro, novamente um pouco acima das expectativas, e o índice acumulado em 12 meses apresentou inflação de 3,8% (A/A) no seu núcleo, que expurga alguns componentes mais voláteis de energia e alimentos. Já a inflação pelo deflator do consumo no PIB, que é a medida de preços utilizada pelo Fed (o Banco Central americano), como alvo de sua política monetária, apresentou alta da inflação acumulada em 12 meses de 2,4% para 2,5%, ainda que o núcleo tenha observado leve queda para 2,8%, o que segue acima da meta de 2%. Houve a criação de 275 mil empregos, e a taxa de desemprego passou de 3,7% para 3,9%, enquanto salaria médio se manteve acima de 4%. Ou seja, ainda falamos de uma economia a pleno emprego, com salários subindo acima da inflação, denotando um mercado de trabalho aquecido, que parece não ter sido afetado em nenhuma forma pela alta de juros de 0 até 5,5%. O mercado imobiliário segue com dados de vendas mais fracos, poucos pedidos de refinanciamentos, o que na prática seria esperado, pois os americanos não querem se desfazer de seus imóveis com hipotecas tomadas na época dos juros baixos - ao redor ou abaixo de 5%, e se refinanciar a juros acima de 7%. Apesar disso, a grande defasagem no número de moradias construídas desde 2009, notada inclusive pelo presidente do Fed, dá um sustento para que o mercado não veja correções de preços significativas no horizonte de tempo que temos alguma visibilidade.

         Em sua reunião de março, o comitê de política monetária do Fed, o FOMC, decidiu novamente por manter os juros básicos estáveis no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. Nas novas projeções trimestrais, embora tenha mantido a projeção que considere mais adequado 3 cortes de 0,25% para 2024, o destaque foi que o comitê reduziu para 3 cortes também em 2025, ante 4 nas últimas projeções, feitas em dezembro. Além disso, houve ligeiro aumento nas projeções de inflação e crescimento. Importante notar que esta reunião de março era aquela em que, até início de fevereiro, o mercado esperava de maneira quase unanime o primeiro corte de juros nos EUA.

       Ao invés disso, não só o corte não veio, como o a comunicação do FOMC e seus membros ao longo do mês sugeriu que que uma vez que o mercado de trabalho e a atividade econômica ainda seguiam aquecidos, não haviam condições para dar confiança ao comitê para iniciar um corte no curto prazo. Aos poucos, as expectativas do mercado foram migrando para corte de juros apenas em maio, e logo depois, para junho, ou seja, duas reuniões após o que se imaginava ser mais provável até então. No entanto, em março esse atraso ainda não foi suficiente para fazer com que a bolsa americana parasse a boa sequência de começo de ano, impulsionada pelo crescimento econômico ainda sólido e bons resultados das empresas, especialmente com a perspectiva positiva de lucros ligados ao aumento do uso de tecnologia nas empresas globais.

      Vale lembrar que na Zona do Euro, a inflação foi divulgada um pouco abaixo do consenso de mercado e da leitura anterior; embora ainda incerto também por lá quando se dará o movimento inicial de corte nos juros básicos, se consolida como mais provável o cenário em que o ECB, o Banco Central Europeu, cortará os juros – que estão na máximas históricas - antes do Fed. Finalmente, na Ásia, notamos dados mistos na China, com consumo doméstico aparentemente desacelerando ainda mais, embora os dados de produção tenham mostrado crescimento consistente no início do ano. Já no Japão, o BOJ, o Banco Central do Japão, elevou marginalmente os juros, tornando-os positivos pela primeira vez em oito anos, frente a negociações com sindicatos organizados que apontam para aumentos salariais de quase 4% para 2024.

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