ABRIL 2025

Política Tarifária de Trump - Comentário TRAAD

Equipe TRAAD

O anúncio de medidas protecionistas pela administração Trump, na última quarta-feira,  (02/04) provocou turbulências nos mercados globais, e uma onda de discussões em torno das possibilidades de recessão, em especial nos EUA. Além disso, criou um cenário desafiador para o Banco Central americano, o Federal Reserve. Com inflação já acima da meta de 2% e expectativas futuras incertas, as novas tarifas de importação ameaçam pressionar ainda mais os preços nos EUA.

A tarifa média sobre importações deve saltar de 3% para aproximadamente 25% , - um aumento dez vezes maior que no primeiro mandato Trump. Os impactos projetados são severos: inflação potencialmente 2 pontos porcentuais mais alta e crescimento econômico revisado de ao redor de 1,5% - 2%   para próximo de zero ou negativo em 2025.

Apesar da inflexibilidade do governo quanto às tarifas até o momento, os mercados já precificam de 4 a 5 cortes de juros este ano, esperando uma atuação mais efetiva do FED. Contudo, o banco central pode enfrentar um cenário clássico de estagflação – junção de recessão econômica e inflação alta, com margem de manobra extremamente limitada. Cabe ressaltar que, embora a administração Trump possa avançar com iniciativas de redução tributária, que em tese resultaria numa expansão fiscal,  (expansão fiscal) no Congresso, há uma defasagem temporal relevante entre os efeitos das políticas: enquanto as tarifas de importação produzem impactos no curto prazo, os estímulos fiscais via redução de impostos para as famílias e empresas tipicamente manifestam seus efeitos com defasagem, possivelmente apenas em 2026 adiante.

Embora Jerome Powell tenha sinalizado tolerância à inflação temporária, qualquer afrouxamento monetário que eleve as expectativas inflacionárias poderá exigir, posteriormente, medidas compensatórias mais severas. O FED precisa calibrar suas decisões com extraordinária precisão em um ambiente econômico cada vez mais complexo e restritivo.

Efeito do “Tarifaço” no cenário global e no Brasil.

No contexto atual, o Brasil foi pouco impactado pelas novas tarifas de importação dos EUA, recebendo uma alíquota mínima de 10%, a menor em relação ao conjunto de países alvo das tarifas de Trump. Além disso, o país pode se beneficiar no setor agropecuário, já que tende a se tornar um parceiro estratégico da China em meio à guerra comercial direta com os Estados Unidos. De fato, alguns analistas apontam para a possibilidade de que a China saia beneficiada neste cenário, ao ampliar acordos comerciais com seus principais parceiros, vários deles atingidos com altas a tarifas pelos EUA.

Apesar do tom mais neutro para a nossa economia,  a para o médio e longo prazo, a desaceleração da atividade global deve nos afetar no curto prazo. Como único possível efeito positivo de curto prazo, a queda acentuada das commodities — especialmente do petróleo — pode abrir espaço para uma revisão, ao menos momentânea,  de medidas para que a nossa política monetária, alterando o tom duro contra a  possa revisar parcialmente o seu tom duro para o controle da nossa inflação, que o Banco Central ainda adotou em sua última reunião em março.

Como as nossas carteiras podem ser afetadas?

Nossas carteiras mantêm, em média, um nível baixo de risco (volatilidade), principalmente devido à reduzida alocação em classes mais arriscadas como ações, fundos multimercados e ativos de alto rendimento (high yield) em termos de risco de crédito.

Por outro lado, nossas recomendações apresentam forte posição em renda fixa local, com maior indexação a títulos pós-fixados, que não apresentam risco de juros. Para os demais indexadores desta classe, não identificamos piora significativa. Na verdade, as aplicações em taxas prefixadas tendem a se beneficiar do cenário de queda de juros futuros que estamos observando recentemente.

Quanto ao risco de crédito local, inicialmente não identificamos um cenário significativamente pior para as empresas brasileiras. Isso se deve principalmente ao fato de que grande parte delas não tem relação tão expressiva com os EUA. Além disso, como falamos, o Brasil recebeu o menor nível de alíquota tarifária dos EUA. Este cenário relativamente neutro para nosso risco/spread de crédito poderá ser revisto caso o contágio financeiro global se alastre de maneira mais significativa, gerando maiores resgates.

Já na nossa estratégia de alocações internacionais já refletia uma postura mais conservadora, com posição "very overweight" para renda fixa internacional e "underweight" para renda variável internacional. Além disso, parte das alocações na bolsa internacional contam com proteções próprias, como no caso de um fundo long biased, que possui uma menor exposição do que um ativo totalmente comprado na bolsa. Neste contexto, os impactos no momento se mostram bastante limitados. Estamos observando um movimento marginalmente positivo para renda fixa, que vem respondendo favoravelmente à perspectiva de potenciais cortes de juros na curva de juros dos EUA. Na parte de renda variável, nossa exposição tende a ser substancialmente menor do que a parcela de renda fixa, o que mitiga riscos adicionais.

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